Edmundo é um dentista amigo meu. Pelos caminhos da vida perdemos o contato semanal que tínhamos e era sempre embalado por uma cerva gelada.

Edmundo foi casado com Lia e, neste tempo, seu sogro – Seu Ezequias e sua sogra – D. Holanda, por vezes vinham de Salvador e se hospedavam em seu apartamento no bairro Jardins.

Assim, em um feriado prolongado, agitaram uma viagem para Lagoa do Pau, no vizinho estado de Alagoas. Antes, porém, Raimundo compareceria a uma festa na casa de seu primo Cezar Pinho.

Chegado à cerveja, Edmundo, quando bebia whisky, pirava o cabeção. Nesta bendita festa, o whisky deu o tom da farra e, logicamente, Edmundo chegou em casa totalmente alcoolizado. Mas não era destas cachacinhas que tomamos rotineiramente não. Era daquelas que matou o guarda. Vou narrar o que aconteceu para vocês avaliarem.

Chegando no apartamento, Seu Ezequias encontrava-se deitado no chão, assistindo televisão na sala e D. Holanda no quarto das crianças, já pronta para se acalantar nos braços de Morfeu.

Assim foi.

Edmundo foi ao quarto e errou a porta do banheiro da suíte e saiu nu pela casa entrando no quarto das crianças para dar aquela mijadinha. Chegou a abrir a porta do armário ao que D. Holanda indagou: Que é isto Edmundo?

Ele prontamente, nu do jeito que estava, saiu e foi para sala onde Seu Ezequias deliciava-se com os programas da telinha.

Ali, descobriu que queria mesmo era dar uma cagadinha, e sentou na beira do sofá preparando o fiofó para a descarga de merda.

Acontece que os pés pequenos de Seu Ezequias estavam na rota da merda que descia de elevador e com rapidez “the flash”, o velho conseguiu escapulir do barro marrom e, tomando consciência do que acontecia, repreendeu o genro que, novamente, procurou o tino do que estava fazendo.

 

– Não se preocupe. Disse Edmundo.

 

E pegou o bolo de merda do tapete e colocou na pia da cozinha, imaginando, no seu alcoolismo, estar limpando a área e os vestígios do seu crime.

Foi dormir.

No outro dia, acordou com os joelhos doendo, a casa vazia e um fedor que empesteava todo o apartamento.

Foi sozinho para Lagoa do Pau e lá lhe contaram o acontecido.

Ah. Os joelhos doendo eram por conta de um socador de alho que Lia bateu nos joelhos dele durante mais de 10 minutos para se vingar, sem que ele, sequer, sentisse ou reclamasse.

 

Isso é que é fazer merda.

 

Por Eduardo Nascimento