Estamos em julho de 2013 e pipocaram manifestações pelo País durante a Copa das Confederações. O povo se uniu e reuniu. Saiu bradando nas ruas sua inconformidade com o sistema de saúde, de educação, com a corrupção e, por alguns dias, o povo se movimentou e o País parou.

Isto me faz lembrar uma história acontecida quando meu pai (Zé Emídio) estava assumindo a judicatura perante a Comarca de Nossa Senhora da Glória – sua primeira Comarca. Iria haver uma audiência com um ‘doidinho’ que tinha matado outro e estava internado no manicômio. Como não sei o nome do sujeito vamos chamá-lo de Zé.

No dia da audiência, o doidinho Zé chegou escoltado pelos policiais como manda a praxe forense e policial. Começado o interrogatório, Zé nada respondia e mudo permaneceu como se ali não estivesse. Zé Emídio chamou o policial e indagou o que se passava, ao que o policial respondeu que Zé tinha uma pilha comum que ficava com ele por toda hora, mas que ele começou a jogar na cabeça do carcereiro. O carcereiro jogou fora a pilha de Zé e, desde então, ele tinha silenciado e não mais falava com ninguém.

O imóvel do fórum, em Nossa Senhora da Glória, tinha as acomodações do Juiz ao fundo, enquanto a sala de audiência ficava na entrada do prédio. Zé Emídio se levantou e foi lá dentro da residência. Abriu o rádio e tirou uma pilha Rayovac amarela e azul e a trouxe, entregando-a a Zé.

 

Calmamente, Zé pegou a pilha, a colocou entre os dedos dos pés e desandou a falar:

– Pronto doutor, pode perguntar que agora já estou carregado.

– E qual a relação com as manifestações ocorridas no Brasil?

– É simples. São todos Zés. Se a pilha não acabou, acaba nas eleições.

 

 

 

Por, Eduardo Nascimento