Pedro de Morais foi advogado, depois Juiz, depois
Advogado de novo, escritor, ocupou alguns cargos públicos como o de
Diretor do DETRAN/SE. Figura emblemática. Gozador por natureza.
Escreveu o livro “Lampião – O Mata Sete” onde colocou
em suspense a masculinidade do bandoleiro e, por conta de tal, foi
processado pela família de Virgulino.
Pedro de Morais era Juiz de Umbaúba, no Sul do Estado
de Sergipe e, como outros tantos Juízes daquela época, morava nas
Comarcas onde passava.
Não existia ‘internet’, netflix, streamings, celulares com
internet. Nos interiores do Estado, as noites eram pacatas, mas sempre
havia um ajuntamento de amigos para beber uma cerveja, whisky,
cachaça, vodka, rum, vinho e até água.
Pedro de Morais, lá em Umbaúba, formava uma roda de
carteado com amigos e bebiam, e bebiam, e bebiam, e bebiam.
Um certo dia houve uma audiência criminal, cuja
denúncia acusava o Réu de beber muito e bater na mulher.
A testemunha foi chamada e, ao adentrar à sala, Pedro
observou que era um dos parceiros do ajuntamento do carteado com
whisky, nada que impedisse a audiência ou modificasse o ritual e a
liturgia judicial.
Pedro de Morais, inocentemente, faz a pergunta:
– O Senhor sabe informar se o réu bebe muito?
A testemunha respondeu:
– Ele bebe acompanhando os amigos.
Pedro rebateu:
– Mas quanto é isso?
A testemunha novamente disse:
– Um tanto bão para acompanhar a prosa com os amigos.
Pedro insistiu:
– Mas o senhor não sabe dizer se isso é muito ou pouco?
A testemunha então finalizou:
– Dr. Pedro, ele bebe o tanto que nóis bebe jogando
baraio toda semana.
Pedro não perdeu a classe e disse para a Oficial que
datilografava a audiência:
– Anote. A testemunha disse que o acusado bebe
moderadamente.
Eduardo Nascimento