Esta passagem foi ocorrida com meu irmão Emídio.
Quem o conhece sabe que meu fraterno casou cedo, aos dezessete anos. Hoje, corrido o tempo, já passado dos 50 na etariedade, é avô de dois netos (um menino – Thiaguinho e uma menina – Nayra).
Simone, sua esposa, pessoa nascida na “cidade dos jardins” declamada que foi por Jorge Amado e que hoje é a segunda residência do nosso confrade Cláudio. Falo de Estância, cujos relatos e os livros de Jorge Amado atestam a existência do Restaurante XPTO, localizado às margens das águas do Rio Piauitinga. Aliás, se alguém souber o que significa XPTO – que nem Jorge Amado conseguiu decifrar – faça o favor de me informar. A notícia mais sui generis que recebi é que era Xibiu Preto Torrado no Óleo.
Voltando ao nosso causo. Sempre disse aos amigos que herdei de Zé Emídio e Antonio Goes o gosto por bebida, cigarro e mulher. Esta herança meu irmão também recebeu de meu pai.
Assim, num dia de sexta-feira, acostumado aos bares e a fechá-los, Emídio – meu irmão – já bebia desde o meio-dia.
Começou num botequim. Correu para outro. E mais outro. E outro. Mais um.
Resultado: Cinco horas da manhã estava ele na casa de um amigo chamado Luis, mas que todo mundo conhece pelo apelido de Sapo – já falecido e que foi homenageado em uma música de Edgar do Acordeon que intitulada O SAPO DO INSS.
Lá, na Sapolândia, também chamada de Lagoa, os amigos se reuniam para beber e conversar.
E assim foi. Emídio, Fábio, Jailton, Edson, Sapo. O único casado era Emídio.
Por ser assim, era o único que tinha preocupação ou, numa melhor leitura, era o único que tinha quem se preocupasse com ele.
Por consequência, 6:00 horas da manhã, cerveja já escorrendo no colarinho, o álcool crescendo o bolso e o tamanho, vez que todo bêbado é rico e valente, o celular toca. Emídio atende e Simone do outro lado, larga a pergunta corriqueira de mulher preocupada com o bem estar do marido:
Emídio onde você está?
Vejam a coragem da resposta, a sensatez, própria dos homens destemidos quando são pegos de supetão:
Simone, eu não sei porque fui abduzido.
Depois disso, ficou difícil chegar em casa. Simone fez greve. Ele, para se redimir passou um tempo ‘no sapatinho’ e até hoje vivem numa boa.