Zé Roberto é amigo de longa data e compadre. O apelido: Baixinho.
Pois bem, a amizade e o compadrio permitem-me a narração.
Meu pai – Zé Emídio, era Juiz de Simão Dias.
Em julho acontecia – e acontece – a festa de Nossa Senhora Santana. Naquele tempo, a festança era grande. Os simãodienses deslocavam-se até Salvador para comprar roupas exclusivamente para a festa quando não se abasteciam na Boutique Belizana – mãe do amigo Belivaldo Chagas.
Os meus amigos e de meu irmão, dentre eles Saulo Pacheco e Zé Roberto, iam a Simão Dias para a festa e ficavam hospedados no Fórum, onde também era a residência do Juiz da cidade. A cidade borbulhava de gente. Problemas no trânsito, os pedestres lotavam as vias já estreitas. As meninas desfilando.
Nesse vai-e-vem de gente, fizemos amizades com algumas garotas que estavam a ir visitar os parentes. Parentes vivos e mortos. Naturalmente, os mortos estavam em sua última morada, o cemitério da cidade que se localizava na Praça dos Três Poderes porque ali estavam construídos a delegacia, o hospital e o cemitério).
Naquela paquera, com a intenção de arranjar uma ficante ou uma peguete para a festa, não podíamos nos furtar de acompanhá-las até a encruzilhada e assim nos fizemos presentes na visita aos defuntos.
Cova pra lá. Cova pra cá. Jazigos dos mais diversos e várias lápides com a rotular inscrição: Jazigo perpétuo de fulano de tal, etc.
Retorno ao fórum para o almoço com a promessa de encontros furtivos mais à noite.
Foi aí que o Baixinho largou a pérola em conversa com minha mãe:
– Para que lugar vocês foram?
– Passeamos. Fomos ao cemitério.
– Ao cemitério? Fazer o quê?
– Acompanhar umas meninas.
E aí veio:
– Mas Dona Viginha essa família Jazigo Perpétuo é grande viu! Em toda cova tinha um morto.