O Judiciário sergipano tem história.

 

Não a história relatada por seu grande conhecedor Luiz Antonio Barreto. Mas histórias pitorescas, engraçadas, de grandes nomes da magistratura.

Aloísio, Antonio Góes, Zé Emídio formaram uma tríade que, só eles, renderiam um livro.

Já escrevi alguma coisa sobre Zé Emídio e Antonio Góes, mas, embora tenha ouvido muita coisa sobre Aloísio nunca coloquei no papel, talvez achando que Marcelo fosse o responsável dessa missão. Uma vez que o Willeu não sai da sua mora resolvi pinçar uma história que me foi relatada por Zé Rollemberg em plenário do TJ ontem (24/10/2013).

O TJ, durante muitos anos, teve na sua composição os desembargadores Barreto Prado, Luiz Rabelo, Nolasco, Clara Leite, Artur Deda, Fernando Franco e Aloísio Abreu.

Todos renderiam e renderam histórias que já foram contadas. Mas, nenhum, nenhum mesmo, rende tantas páginas como Aloísio.

Relatou-me Zé Rollemberg que foi ao Plenário fazer uma sustentação oral. Advogado novo, o nervosismo visível, olhando com outros olhos aquela Casa que estava acostumado a ver por dentro quando ali desenvolveu a função de assessor.

As mãos tremiam, o suor escorria na fronte, embora o ar condicionado estivesse do jeito que Fernando Franco gostava: bem frio. Aliás, Fernando Franco costumava repetir que o frio é que conversa a carne.

Passado esse momento, Zé preparou-se e como em um passe de mágica, a calma o serenou, abraçando-o como em acalanto, e desenvolveu sua retórica.

Assim, quando dessa sua primeira sustentação oral no plenário do TJ, depois da falação, sentou-se na platéia e ficou esperando o julgamento encerrar. Depois de encerrado, o Desembargador Aloísio levantou-se do assento da mesa de julgamento e veio à platéia sentar-se ao seu lado.

Chegou, sentou e o cumprimentou.

 

Eis o diálogo que se seguiu:

 

Aloísio – Você fala bem. Boa sustentação.

       – Oh Desembargador. Muito obrigado, o Senhor vir até a platéia para cumprimentar um advogado é realmente engrandecedor.

Aloísio  – Porra de advogado. Quero lá saber de advogado.

Aloísio  – Eu só vim aqui porque Prado soltou um peido da porra ali do meu lado.

 

Segundo Zé Rollemberg, ao olhar para o plenário, Fernando Franco estava com a mão tapando o nariz.

 

Por Eduardo Nascimento