Nascido no dia 27 de setembro de 1958, na cidade de Aracaju, Anselmo Rodrigues, autodidata, desde criança, tinha como uma de suas prediletas diversões rabiscar cadernos e calçadas. No início da década de 60, aos dois anos de idade, mudou-se com a família para cidade do Rio de Janeiro, onde fixou residência por seis anos, retornando, em seguida, para a sua cidade natal. Em 1975, começou os estudos artísticos e se iniciou nas artes fazendo desenhos que retratavam figuras sofridas do cotidiano, tema referencial em sua iconografia. No ano seguinte, pesquisa técnicas de Pintura e História da Arte, ocasião em que passou a ter contato com grandes artistas e obteve deles informações úteis acerca das técnicas das tintas óleo e acrílica. O artista plástico sergipano Florival Santos foi o seu principal mestre.
Em 1978, atuou como monitor em programas sociais para crianças carentes, atividade que agregou novos elementos temáticos à sua pintura. Desde 1979, transferiu-se para Brasília, cidade onde atualmente vive e desenvolve a sua arte. Em 1980, realizou a sua primeira exposição individual de pintura intitulada “Trabalho e Arte” e, com igual sucesso “A Nudez Absoluta da Sensibilidade”, na Galeria Serpro, ambas em Brasília. Nesse mesmo ano, fez parte do “Projeto pintando minha gente”, viajando e pesquisando a cultura Popular do Nordeste. Dois anos depois, desenvolveu, em seu ateliê, o projeto “Técnicas de Pintura Contemporânea”.
Em 1982, em Aracaju, participou de uma exposição com Wellington e José Fernandes, na Galeria Álvaro Santos e, com José Fernandes e Marinho Neto, idealizaram o projeto “Movimento das Artes em Sergipe”, que alavancou o mercado de arte sergipano. Em 1986, foi importante protagonista do grupo “Coloristas de Brasília”.
Inventivo e possuidor de uma inquietude artística incomum, Anselmo Rodrigues vive em constante busca de novas técnicas para expressar a sua arte. Em 1989, estreia uma produção de trabalhos, utilizando a técnica da xilogravura. Um ano após, abandonou a técnica óleo sobre tela, por motivo de saúde, passando a utilizar a acrílica sobre tela. Em 1991, pesquisa novos elementos plásticos e dá início a uma nova etapa no seu trabalho, com ênfase na temática ambiental.
No ano de 1993, viajou pela primeira vez à Europa, onde visitou Espanha, Portugal, França, Itália, Alemanha, Holanda e Bélgica, e realizou pesquisas fundamentais para sua trajetória artística. Três anos depois, retorna à Europa para fazer várias exposições oficiais, onde também participa do curso de desenho na Academia Royal de Belas Artes de Bruxelas.
Anselmo Rodrigues tem realizado muitas exposições individuais e coletivas em diferentes rincões do Brasil. No exterior, em 1990, participou da exposição “Pintores de Brasília”, realizada na Embaixada do Brasil, no Centro de Estudos Brasileiros, em Assunção, no Paraguai, com a curadoria de Lívio Abramo. Em 1996, esteve presente nas mostras: “Coletiva de Artistas Brasileiros”, na Bélgica; “Onze Artistas de Brasília”, na Aba Gallery, em Nova Iorque, nos Estados Unidos e “Coletiva na Cacco Zanchi Kunstgalerij”, na AALST, na Bélgica.
Laureado artista, entre os inúmeros prêmios recebidos merecem destaque: em 1976, Menção Honrosa pelo Rotary Clube Aracaju; em 1978, a Medalha de Bronze, no I Salão Atalaia de Pintura, realizado em Aracaju; em 1979, Prêmio Aquisição, da Fundação Cultural de Brasília; em 1980, os seguintes: Prêmio Aquisição, no II Salão Riachuelo de Artes Plásticas; Medalha de Ouro, no Salão Serpro/Artes Plásticas, em Brasília; Prêmio Aquisição, na Fundação Cultural do Distrito Federal; 1o. Lugar, no Salão Nacional Serpro/Artes Plásticas.
Na toada de sua exitosa carreira, ressaltam, igualmente, os prêmios Viagem pelo Brasil do I Salão Naval de Artes Plásticas do DF e Aquisição do Salão Fundação Cultural do Distrito Federal, conquistados em 1981; a Medalha de Bronze no V Salão Riachuelo de Artes Plásticas do Distrito Federal, 1o. Lugar em Desenho no VI Salão de Artes Plásticas das Cidades Satélites e Medalha de Ouro no Salão de Desenho e Pintura do EMFA, todos em 1983; o 4o. Lugar do Projeto Tapume, realizado pela Caixa Econômica Federal e Menção Honrosa no 90 horas de Pintura Contemporânea, em Brasília no ano de 1990; o 2o. Lugar no 90 horas de Pintura Contemporânea, no Rio de Janeiro, em 1991; o 2o. Lugar no 90 horas de Pintura Contemporânea, em Brasília, em 1992; o Prêmio Viagem à Europa no 90 horas de Pintura Contemporânea, em Brasília, em 1993; e o Prêmio Aquisição no VII Salão de Artes Plásticas de Taguatinga, em Brasília, em 1996.
Em março de 2014, marca o seu retorno a sua cidade natal realizando a exposição individual “Anselmo Rodrigues, tintas que falam”, na Galeria Jenner Augusto/Sociedade Semear, ocasião em que lança o livro homônimo, organizado por Mário Britto.
Engajado na defesa do meio ambiente, em suas andanças no sudeste do estado Tocantins, Anselmo Rodrigues lutou arduamente pela conservação das cavernas naturais existentes naquela região. Fundador de um grupo de espeleologia, com o interesse maior na conservação daqueles ambientes, tornou-se um especialista em espeleocromologia – estudo das cores da caverna, experiência que lhe permitiu aprimorar a técnica das cores em suas obras.
Anselmo Rodrigues é um artista fiel à sua própria origem de criança pobre! Inspira-se na realidade cotidiana, pesquisa o povo, questiona os seus gostos, estuda as suas características e, através de um estilo predominantemente expressionista, canaliza tudo como aprendizado para a sua obra. Em depoimento, afirmou que “não vê o trabalho dele como um mero objeto decorativo, mas sim, como um instrumento que pode ser utilizado para abordar os problemas sociais, sobre os quais muito se preocupa sem, entretanto, encontrar uma solução definitiva para eles”.
E, assim, revela-se o operário da arte Anselmo Rodrigues, cuja obra, revestida de uma forte conotação ambiental e sociopolítica, perpassa pelo expressionismo figurativo com um olhar focado em temas regionais, denunciando a realidade nua e crua de como vivem os meninos pançudos, os menores carentes e os paraplégicos nas periferias das grandes cidades. Não sem razão, as suas tintas, mais do que colorem, falam.