Pode até soar meio incomum, mas o mercado de conteúdo imersivo está acontecendo e crescendo bastante nos últimos anos. Embora esta produção ainda esteja muito vinculada ao nicho dos games, o avanço das tecnologias tem feito com que outras áreas começassem a demandar este tipo de conteúdo, que está cada vez mais se aproximando das nossas práticas cotidianas.

O conteúdo imersivo é a base para a construção da experiência em dispositivos que criam realidades virtuais (VR) ou realidades ampliadas (AR). Tem sido muito usado para jogos e simuladores, mas também já está presente em alguns museus, espaços interativos, projetos arquitetônicos e até tem sido aplicado na medicina para ajudar a controlar a dor em alguns casos. Em 2017 a rede laboratorial Hermes Pardini de Belo Horizonte lançou o “VR Vacina”, projeto que oferece experiência de realidade virtual, com personagens infantis, para crianças resistentes à vacinação.

Segundo o especialista em narrativas transmidiáticas e imersivas, Rodrigo Terra, estudos apontam que, enquanto o cinema tradicional leva em torno de 20 minutos para fazer com que as pessoas imerjam na história, os conteúdos de realidade virtual levam em média 15 segundos. Essa capacidade está relacionada não só a tecnologia dos óculos de VR, que carregam aplicativos com imagens 360, vídeos 360 e projetos em 3D, mas também ao cenário, roteiro e interatividade que ele proporciona. A combinação destes conteúdos, gráficos, tecnológicos e imersivo, é o que leva o usuário a penetrar nesses mundos imaginários.

A questão agora, para nós produtores de conteúdo, é: de que forma iremos despertar a nossa criatividade e desenvolver técnicas de roteiros que irão alimentar este universo dos imersivos?

Os conteúdos desenvolvidos para realidade virtual são diferentes do que um filme, ou uma campanha, uma informação, ou até mesmo de um game. Podemos dizer que ele é uma mescla disso tudo, pois a pessoa que está acessando o VR tema possibilidades de escolhas, e cada escolha leva a um caminho diferente, o que já precisa ter sido pensado e elaborado na construção do aplicativo.

Será que já não é hora de se começar a pensar em produzir conteúdos para estas ferramentas? Ao que tudo indica, a tendência é vivermos num mundo cada vez mais tecnológico e digital, em que imagens, fotografias, animações gráficas, roteiros, narrativas e outros tipos de conteúdos serão demandados, e é bom estarmos preparados.

Por Luana Feldens,
jornalista e gestora de mídias digitais da Conceito