Recebi, ano passado, do Heitor Mendonça e da sua produtora Marcela Prado, esse belo presente. Já de cara, peço desculpas por não ter ouvido logo que ganhei. Muitos motivos e falta de tempo para ouvir com calma e atenção, mas chegou o dia, e já escutei diversas vezes.

Heitor tem linhagem, tem nobreza musical de família. Filho do Maestro Muskito, músico excepcional que a banda “Átomos”, criada na cidade de Propriá revelou, teve passagem na Bahia, onde estudou música, chegando ao sul do país, onde teve grande destaque. Voltando a morar em Aracaju, construiu uma carreira de músico, maestro, compositor, professor e agente cultural brilhante.

Heitor presenteia a todos com seu primeiro álbum,  e traz 12 faixas inéditas, sendo nove canções em parceria com grandes compositores como Gilton Lobo, Álvaro Muller e com o poeta Wedmo Mangueira, e ainda conta com a música “Voltar à Aldeia” do composição Valdefrê, do grupo Cataluzes, e três temas instrumentais com o pai, maestro Muskito.

Heitorzinho tem DNA de violeiro cantador, e o cd exala esse cheiro nordestino. Isso vem da vivencia com o pai e com Vital Farias. Instrumentista de primeira linha, ele coloca em seu canto essa musicalidade brejeira e sertaneja, com arranjos que misturam o clássico, puxado pelo diretor musical James Bertisch, com os riffs do Saulo Ferreira, Emanuel Jorge, Rafael Jr., as gaitas do Julinho Rego a percussão do Pedrinho Mendonça e mais um time de excelentes músicos, além dos violões do Muskito e do próprio Heitor Mendonça. Esse disco sacode a poeira do nosso baú musical, mexendo com os sentidos e as lembranças de tempos favoráveis à nossa música. Tudo isso transforma o CD em um importante produto da música sergipana, que devemos ter em casa.

Cleomar Brandi, o nosso saudoso jornalista e poeta, disse: Heitor acende as lamparinas, clareia pedras do seu tempo, portuguesas ou não.

O disco do Heitor Mendonça é um ponto de uma linda luz nesse túnel escuro que está a nossa Música Brasileira.