Sou um compositor que adora trabalhar em parceria e alguns poetas e letristas fazem parte da minha formação musical. Tenho parcerias com Mingo Santana, Kleber Melo, Lula Ribeiro, Genival Nunes, Denys Leão, Emanuel Dantas, Hunald Alencar, Marcelo Ribeiro, Wagner Ribeiro,  Antônio Amaral, Nery, Irmão, Amorosa, e entre eles, três se destacam não só pelas letras, pois são maravilhosos letristas, mais pela amizade e irmandade construída durante os anos.

O primeiro, é o amigo do colégio Salesiano, meu compadre e padrinho da minha filha Tassia, Alex Pinheiro, parceiro de muitas canções de Gênese (1979) a Chinfra de Cinderela (1986), Índios Urbanos (1993), a Baton da Alma (2000).

O segundo comecei compondo com ele músicas para as peças infantis e são mais de trezentas e fizemos muitas outras composições juntas como Pecado de Pássaro, (gravada por Rogerio, Chico Queiroga e Antônio Rogerio e pelo Pedro Luan), Na mira do Luar (gravada pelo Roberto Alves), Canção da Cidade, (gravada por mim e Gena Ribeiro) entre tantas, o Jorge Lins.O terceiro, o irmão querido Rubens Lisboa. Rubens é Sergipano de Aracaju, Engenheiro Químico, Advogado, Jornalista, produtor e ativista cultural, cantou, compositor e autor.

Conheci o Rubens como compositor em 1984 em uma das edições do Festival Novo Canto, sua música Samba da Utopia defendida por Maria Quaranta ficou em quarto lugar. Já em 1985 coordenei com o Jorge Lins o Festival de Verão promovido pelo circo Amoras e Amores e de novo estava lá o Rubens com a música Aluaran dessa vez defendida pela Amélia Daura, sendo a campeã do Festival.

Um amigo em comum o Jorge Roberto “Jorge Preto” como era conhecido tinha me comentado sobre o Rubens, ele me disse que o Rubens escrevia muito bem e fazia as músicas sem tocar nenhum instrumento, ele o Jorge é quem harmonizava, e me incentivou a procurar o Rubens para fazermos algumas parcerias. Achei interessante a ideia mais não dei prosseguimento, pois não tinha nenhuma intimidade com o Rubens.

Ate que um dia fui convidado pelo prefeito da cidade de Aracaju, na época Viana de Assis a produzir um LP com músicas com o tema da cidade,  o título seria “Aracaju Pra Cantar”, encontro na reunião de produção o Rubens Lisboa que teria sua primeira música gravada Tomei de Cara – “Caiu caju, caju na ara, da bom fruta na seara, norte vento sul, tomara seja fruta rara, nesse azul tomei de cara Aracaju” na  voz da Amorosa, que seria dali por diante uma das grandes interpretes das músicas do Rubens.

Dessa reunião pude conhecer melhor o Rubens e ver que o sujeito tinha muitas qualidades pessoais e artísticas. Em um dos momentos da conversa ele disse que conhecia algumas músicas minhas, e gostava demais das minhas melodias. Então, ele me propôs passar algumas letras para que eu colocasse melodia, claro que topei na hora. A parti daí foram muitas e muitas canções que fizemos juntos.

Até então, não sabia que o Rubens cantava. Quando fui assisti o show “Dez-Colagem”, acho que em 1986, me surpreendi, pois estava lá o Rubens se testando e cantando suas músicas e de outros compositores brasileiros. Fiquei com uma pulga atrás da orelha: será que é a praia do Rubens cantar? E digo caro leitor, o Rubens Lisboa é o artista sergipano que mais evoluiu nessas ultimas décadas, se arriscou em festivais como o Canta Nordeste, cantou na noite Aracajuana, nos bares da vida, montou bandas, e provou sua capacidade de compor e cantar, tornando-se um ícone da música sergipana e brasileira.

Em 1997 compôs junto comigo a trilha do espetáculo Ópera do Milho, mas só em 1998, que o Rubens lançou seu primeiro CD solo intitulado “Assim, Meio de Lua…”, um CD com 20 faixas, que foi recorde para a época de pura música brasileira e sergipana. Uma das nossas composições estava lá, “Real”, canção de ninar com arranjos do Diogo Montalvão. “Dorme bela feito anjo, dorme para não acordar, dorme feito gente grande, que é feliz dormindo sem representar”.

A produtora, bailarina e coreógrafa sergipana, Lú Spinelli, comentou sobre o Rubens: “Talentoso, criativo e apaixonado pelo que faz, Rubens consegue em sua premiada trajetória artística, mostrar sua versatilidade, independente de estilo”. (Página central do encarte CD Meio de Lua).

No ano de 2001, Rubens lançou oficialmente o seu 2º CD, com o título de “Segundas Intenções”, um trabalho inteiramente autoral. Composto de dezesseis faixas, metade delas feita em parceria com outros autores sergipanos, o CD fala, primordialmente, do amor ao ato de cantar.

Em 2007, lança o terceiro CD, o elogiado “Todas as Tribos” em que, mais uma vez, ressalta o seu lado plural. Entre as canções de sua autoria e com parceiros, novamente abre o leque e interpreta, além de compositores sergipanos, canções de Zeca Baleiro, Antônio Villeroy e Vander Lee e ainda teve a participação da cantora Ithamara Koorax na faixa “Samba”. Em 2010, lançou seu quarto CD, intitulado “Arteiro” com uma nova cara, um disco acústico com arranjos modernos, dentro da linha da Nova MPB, feitos por Saulinho Ferreira.

Rubens realiza em 2012 seu projeto mais audacioso um box chamado “Por Tantas Vozes” contendo três CD’s nos quais vários artistas na nossa MPB interpretam suas canções inéditas. Entre esses artistas estão: Leila Pinheiro, Vania Bastos, Amelinha, Rita Ribeiro, Wado, Ná Ozzeti, Zé Renato, Elza Soares, Cida Moreira, Tetê Espínola, Chico César, Daniel Gonzaga entre tantos outros importantes intérpretes da música brasileira, uma grande realização desse artista inquieto, estudioso, corajoso, bondoso e talentos, a quem eu poderia passar muito tempo elogiando aqui, pois ao meu amigo Rubens Lisboa,  cabem todos os adjetivos elogiosos. Bom filho, bom amigo, bom artista e muito boa gente. Sou um privilegiado de ser seu parceiro, amigo, irmão e fã.

 

Neu Fontes
Cantor, Compositor, Publicitario, Gestor Cultural
Presidente do Instituto Helvio Dorea Maciel Silva