O pintor Florival Dózzea dos Santos nasceu no dia 16 de outubro de 1907, em Propriá/SE e faleceu no dia 26 de setembro de 1999, em Aracaju/SE. Autodidata, ainda criança já revelava aptidão artística. Em 1927, com 20 anos, mudou-se para Aracaju/SE em busca de melhores condições e, dois anos mais tarde, morou no Rio de Janeiro para seguir carreira militar.
Florival, assim com o irmão mais novo, o artista Álvaro Santos, nasceu às margens do Rio São Francisco, o que o levou, na juventude, a ser um exímio nadador. Por essa razão, em grande parte de suas obras, encontramos reminiscências do “velho chico” com as suas canoas de tolda impulsionadas por velas coloridas, os plantadores de arroz, os pescadores puxando redes de arrasto, os catadores de conchas, de siris e de massunins. Em sua diversificada iconografia, são temas recorrentes: a fome dos retirantes, a dor dos flagelados e a miséria dos ribeirinhos que moram nas palafitas.
Realizou diversas exposições, ocorrendo a primeira individual em 1933, na Associação Comercial de Sergipe. Em 1941, expôs com o irmão Álvaro Santos no Recreio Club de Aracaju. De forma unânime, ganhou o concurso para a escolha do brasão de Aracaju, em 1955, por ocasião do centenário da cidade. Na década de 60, expôs individualmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Salvador e em Brasília. Em 1966, assumiu o primeiro mandato de Diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE. Em 2015, teve participação – in memoriam – na coletiva “Um sentir sobre as Artes Visuais em Sergipe”, sendo, ainda, um dos 50 artistas retratados no livro de mesmo nome, organizado por Mário Britto.
Sua obra “Retirantes” pertence ao acervo do Vaticano, na Itália. Possui trabalhos em diversas instituições públicas, como o Museu Histórico de Sergipe, em São Cristóvão/SE, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o Instituto Dom Luciano Duarte, o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe e a Prefeitura Municipal de Aracaju.
Pintou a tímida Aracaju da década de trinta, a antiga ponte da Atalaia, a Praia Formosa, a Rua da Frente e o Carro Quebrado. Em uma linguagem mais modernista, fez marinhas inspiradas em Propriá e a série Xangô, fases que merecem destaque em sua iconografia. Como acadêmico, imortalizou a sua obra retratando políticos e autoridades sergipanas, cujo acervo encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Sobre o seu particular talento como retratista, afirmou a imortal da Academia Sergipana de Letras Ana Maria Fonseca Medina, “era um exímio retratista, eternizou a sisudez e o sorriso de homens e mulheres que fizeram a nossa história. A expressão dos seus retratados traduz um não sei quê de enigmático como se estivesse a lhe descrever a alma”.
A sua casa, onde também exercia o seu ofício, era ponto de encontro dos amantes das artes, bem como dos consagrados artistas com os jovens aspirantes. Costumava trocar correspondências com Jordão de Oliveira e recebia Jenner Augusto sempre que ele vinha a Aracaju.
Pelo conjunto de sua obra, recebeu diversas homenagens, a exemplo da “Medalha de Honra ao Mérito Inácio Joaquim Barbosa”, da Prefeitura de Aracaju. A Universidade Federal de Sergipe também o laureou dando o seu nome à galeria de arte do Centro de Cultura e Arte – Cultarte.